terça-feira, 30 de maio de 2017

Casa de Angola


Reavivando memórias e atualizando informação, nesta semana temos os eventos a seguir indicados, para os quais contamos com a vossa presença e contributos na divulgação, sempre num propósito de uma Casa de Angola para todos!

Dia 30 - Apresentação do livro de Rui Morgado.
            Porque a Casa de Angola tem a versatilidade em saber receber e nos seus quadros possui muitos amantes do desporto, iremos receber um autor com uma obra de direito desportivo.

Dia 1 - Inauguração da exposição de Luís Padinha
           Com enorme carinho e consideração recebemos nas nossas instalações até ao dia 10 de Junho uma apresentação pública de quadros  do nosso associado Louis Padinha.

Recordamos que até dia 31 de Maio decorre a exposição de Lilia Santos. .
E em parceria com a Casa de Angola de Coimbra no Centro Cultural de D. Dinis em Coimbra pode ser apreciada a exposição de Márcia Dias até ao dia 25 de Junho.

Os melhores cumprimentos

Pel' A Comissão ad-hoc da Casa de Angola


Pensar e Falar Angola

terça-feira, 23 de maio de 2017

Casa de Angola - Eventos




Com enorme satisfação, vimos por este meio recordar a alguns os próximos eventos que irão ocorrer na Casa de Angola:

1. DIA 26 - Apresentação do livro de Rufino Espírito Santo
                Com gosto recebemos um escritor Santomense, manifestando a disponibilidade em recebermos os amantes da Língua                                 Portuguesa.

2. DIA 30 - Apresentação do livro de Rui Morgado.
                Porque a Casa de Angola tem a versatilidade em saber receber e nos seus quadros possui muitos amantes do desporto, iremos                   receber um autor com uma obra de direito desportivo.

Não deixemos de recordar que decorre simultaneamente a exposição da artista Lilia Santos.

Aproveitando para informar que dia 25 em parceria com a Casa de Angola de Coimbra será inaugurada uma exposição da artista angolana Márcia Dias.

Contamos com todos!


Os melhores cumprimentos

Pel' A Comissão ad-hoc da Casa de Angola
Eugénia Araújo
Zeferino Boal


Pensar e Falar Angola

O 27 de Maio. Memórias de um Sobrevivente







Pensar e Falar Angola

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Pintura colonial e Salões de Arte em Luanda Do naturalismo paradisíaco à modernidade


Antes de entrar no tema propriamente dito que aqui me traz, convém fazer algumas definições, pois é um hábito meu fazer sempre isso para não haver equívocos.
O que é arte africana? O que é arte colonial?
Responder à primeira questão é quase impossível à luz dos nossos conceitos ditos ocidentais. Sabendo nós que a Arte – por cá, claro – tem a ver com técnica, e só depois com fruição do belo, e, neste nosso tempo tão atribulado, com denúncias, combate político e mesmo revolução, como é que podemos definir o que é Arte Africana se em África os objetivos da Arte são outros muito diferentes? Mas, na verdade, esta descoberta, feita nos anos 30 por um historiador de arte judeu chamado Carl Einstein, fez evoluir a arte dita ocidental de uma maneira inesquecível. Sem o cubismo, como é que a arte ocidental teria evoluído? Ora o cubismo, como antes o fauvismo, tem exatamente origem na constatação de que se os africanos tinham chegado à esquematização quase absoluta, foi porque a arte que eles faziam era parte das suas tarefas do quotidiano, como comer e trabalhar, por motivos mágico-religiosos essencialmente. Como diz José António Braga Fernandes Dias, em África, «Os critérios de autenticidade vulgarmente adotados assentam no princípio do uso tribal; quer dizer, um objeto é considerado autêntico desde que executado por um artista de uma sociedade tradicional, destinado ao uso funcional ou ritual nessa sociedade (nunca para venda) e efetivamente usado». Porque o fazem desde sempre, foram simplificando as formas, chegando à estilização máxima. Juan Gris, Picasso, Bracque, Léger e Joan Miró perceberam os estudos de Carl Einstein, que, em grandes linhas, no plano teórico, discute as categorias de "pictórico" e "escultórico", e, independentemente do meio artístico empregado, ressalta as características da arte negra, as soluções espaciais na escultura encontradas pelos artistas africanos e a sua similitude com as invenções dos artistas cubistas na pintura. Os cubistas captaram que a figuração dos objetos, mediante signos, produzia diversos sentidos, assim como perceberam a combinação, transformação e reformulação de signos e de grupos de signos na escultura africana.
Segundo Elena O’Neill, em A escrita atuante de Carl Einstein, «Einstein adjudicou à arte e à linguagem a tarefa de libertar o homem de imagens ossificadas e modos de pensar rígidos. Em Einstein, a realidade se constrói e se transforma sem cessar: ele defende uma arte na qual o artista modifica a realidade e não está preso a um excesso de racionalização, normalização ou a uma linguagem aprendida; acredita numa arte engajada na transformação social, na qual a forma reconfigura a subjetividade.»
Na sua tese de profissionalização, A escultura africana e as suas máscaras – A arte moderna e plataformas culturais de José de Guimarães, a artista plástica Helena Justino confirma, de outros modos, este sentido: «Na África tradicional, a arte está intimamente ligada ao quotidiano, à vida, à energia, às ideias e às coisas, em suma, à explicação do ser e da existência, e reflete, como é óbvio, uma caraterística muito peculiar para os europeus, “O indivíduo não perturba o equilíbrio, a ordem social e a cultura deixada pelos antepassados”, sendo as figuras esculpidas como que intermediários entre esses antepassados e o homem atual».
Quanto à arte dita colonial, é igualmente difícil de definir, porque o que a impõe é a ausência de conceitos, portanto é pela negativa. Na verdade, não tem nada de africano, é uma importação, embora não se trate de um mero transplante da Europa, pois há realmente uma fusão de elementos europeus e africanos. Uma outra questão não menos pertinente diz respeito ao olhar crítico que é dirigido à produção plástica realizada em Angola por europeus ou segundo linhas europeias, o que complica ainda mais a questão.
Como assinala Teresa Matos Pereira na sua tese de doutoramento Uma Travessia da Colonialidade - Intervisualidades da Pintura, Portugal e Angola, «A criação de um conjunto de imagens de África em geral e Angola em particular e a sua disseminação por inúmeros suportes, conheceu nas artes plásticas, fotografia e cinema, veículos de relevo. Estas imagens, cuja materialização contou com uma linguagem naturalista como poderoso alicerce, conjugaram um vocabulário que reúne o real – transfigurado pela observação de quem pinta, desenha ou fotografa - e a ideologia que direciona e condiciona o olhar de quem produz e de quem vê. Assim, não será de estranhar que o discurso produzido à volta da pintura de paisagem, de costumes, etc., provenientes e/ou acerca de África, realce sistematicamente uma simulação do real, com traços de veracidade indiscutível, ainda que as imagens repitam invariavelmente as mesmas formas estereotipadas e fórmulas compositivas».
Primeiro, na década de 30 do século XX, eram as paisagens paradisíacas, tipo chapa modelo, com imbondeiros gigantes, que o Dr. António Videira até erigiu como um dos símbolos de Angola, vegetação frondosa e céus em fogo – são célebres as queimadas que o Neves e Sousa vendia ao metro – panoramas com rios ao fundo e barcos a vogar mansamente, com cores delicodoces tipo tecnicolor, que fizeram o must até à década de 60. De certo modo, tudo isto era o prolongamento natural do que já fazia o pintor português Miguel Ângelo Lupi (1826-1883) quando passou brevemente por Luanda entre 1851 e 1853, como Contador na Junta da Fazenda da Província de Angola, deixando aí algumas obras que, segundo Diogo de Macedo, «levaram sumiço e dos quais não há notícia» Porém, seguindo uma modalidade de pintura de género desenvolvida pela geração romântica, que aposta na captação do pitoresco e do exotismo dos costumes, realiza um conjunto de desenhos onde são representados os costumes locais, vistas paisagísticas e monumentos que atestam a presença portuguesa neste território africano.
São vários os termos com que podemos classificar este tipo de arte, nomeadamente “arte colonial”, “arte indígena”, “arte negra” ou “arte gentílica”, talhados de modo a designar um conjunto de manifestações de índole plástica (de onde sobressai a escultura), traçadas como expressões da primitividade. Reiteram, na sua maioria, uma noção de genuinidade e integridade, dependentes de um isolamento e estagnação temporal que as remete para expressões de uma a-temporalidade e a-historicidade, colhendo preferencialmente o pitoresco, típico, artístico e histórico. Mas arte africana é que não é, a não ser geograficamente falando.
Em Portugal, uma das primeiras referências às expressões artísticas africanas, assente numa visão modernista, surge curiosamente pelas palavras de António Ferro, na célebre conferência A Idade do Jazz Band, proferida no Brasil e mais tarde publicada na revista Athena, na década de 20.
António Ferro irá para Angola, em 1918, como oficial miliciano, sendo posteriormente nomeado ajudante de campo de Filomeno da Câmara, quando este ali esteve como  governador-geral, em 1929, depois de ter sido elemento principal da revolta que foi chamada dos Fifis, em 1927, por ter sido em conluio com o escritor Fidelino Figueiredo. Este último, no prefácio à sua obra, Viagem à Volta das Ditaduras lembra a apreensão do autor enquanto lhe pedia «informações e conselhos com a preocupação embaraçada de todos os que embarcam, pela primeira vez, para essas paragens mal afamadas onde a imaginação mistura, numa vaga noção de desconforto, coisas terríveis com outras grotescas: antropófagos, leões, febres e macacos».
Foi exatamente em 1960 que se realizou em Luanda o primeiro salão de artes plásticas, o I Salão de Independentes, que apresentou 81 trabalhos de pintura, escultura e desenho de 9 expositores: António Tavares, Apolinário, Benúdia, Fernando Reis, Fernando Rodrigues, Henrique Abranches, Henrique Guerra, Daniel Saraiva e Tito Vitorino, na sua maioria figurativos, mas já aparecem trabalhos com laivos de modernidade, e todos realçando a pujança da natureza angolana, como era da praxe.
Há dois meses, quando falava numa das minhas tertúlias sobre a descolonização de Angola, uma das assistentes pôs-me a seguinte pergunta: «Nunca sentiste em Angola que os pretos também eram racistas? Várias pessoas têm-me dito isso».
A minha resposta foi pronta: «Como é que podiam os pretos ser racistas naquele tempo, se eles não existiam.» Sim, isso mesmo. Não existiam.
A terra era dos colonos, os empregos eram dos colonos, as casas eram dos colonos. Os angolanos pretos, fora algumas exceções (poucas) serviam os brancos e já era bom. E tinham de arranjar dinheiro para pagar o chamado imposto de palhota, que foi uma maneira de os obrigar mesmo a trabalhar.
Foco esta questão para ajudar a compreender o conceito de pintura colonial. Porque, devido exatamente a este pressuposto, a verdade é que não havia nem podia haver pintura angolana. Para isso, todos os cidadãos tinham de ter uma existência real, e isso é que não havia. Como é que, se não existiam, podiam ser racistas? Está claro que hoje, que, de algum modo, alguns mandam no País, a situação é outra, há realmente racismo, mas, claro, errar é humano.
A instauração e implementação dos sistemas coloniais encontraram-se comprometidas com a criação de uma colonialidade visual, materializada através de fotografias, mapas, desenhos, pinturas, ou a recolha de coleções de “arte” e “artesanato”. O conjunto destes objetos e imagens concorre para a estruturação de uma cultura visual que desempenhou um papel de relevo no âmbito da apresentação, descrição e justificação de uma ordem colonial.
A imagem (desenhada, pintada, impressa, fotografada…) surgia como um dos meios preferenciais de divulgação de ideias e conceitos que informam as representações e as práticas coloniais, servindo-se de processos específicos de seleção, exclusão ou enfatismo e colaborando ou comprovando a criação de identidades, sejam de género, “raciais”, “tribais”, “étnicas”, nacionais, etc. .
Nos anos 40 e 50 há vários apelos em Lisboa para os artistas portugueses se inspirarem no chamado Ultramar e até foi realizado um Cruzeiro ao Ultramar a eles dirigido. Foram poucos os que corresponderam: apenas Jorge Barradas, Fausto Sampaio e Cristiano Cruz. Para além destes, houve ainda os casos de Lino António, Dórdio Gomes, ou Abel Manta que esporadicamente realizaram algumas obras (sobretudo encomendadas para exposições internacionais), onde são visíveis referências aos territórios coloniais através de alegorias ou figuras e paisagens estilizadas, que conhecem uma divulgação nas páginas da imprensa, como por exemplo alguns desenhos de Bernardo Marques. Na sua maior parte nunca visitaram nenhuma colónia, mas faziam os trabalhos a partir de fotografias. Tenho para mim que essa é que a verdadeira pintura colonial.
É mesta altura que Eduardo Malta, que chegou a ser conservador do Museu Nacional de Arte Contemporânea, em Lisboa, surge como um dos exemplos representativos de um conservadorismo estético e alinhamento ideológico-político, que vê na perpetuação de um naturalismo de raiz académica, a probidade da criação artística – ainda que com mais ou menos patine, com mais ou menos simulacros de modernismo – e a resposta cabal aos desígnios de simbolização do poder instituído, menosprezando, pelo contrário, a arte moderna das vanguardas, ao considerá-las uma forma de denegação das raízes greco-latinas. Ele fará escola para uma série de artistas que se vão dedicar aos temas coloniais e executará várias séries de desenhos focando figuras e temas ligados às colónias.
Outros se lhe seguirão, em Angola, como Alípio Brandão, cuja filha, Ema Brandão, ali fará uma carreira interessante como escultora em madeira, Domingos Teixeira Lopes, pai do Gil e do Hilário Teixeira Lopes, que, todos os anos, de Dezembro a Abril, passava por Luanda, apresentando em Maio uma exposição dos seus trabalhos, que vendia totalmente, e Estevão Soares, que fez igualmente incursões a Angola, igualmente com êxito.
Haverá ainda que referir ainda artistas como Álvaro Canelas, pintor de costumes populares dentro de uma herança naturalista, que, à semelhança de muitos artistas da sua geração, realiza uma experiência parisiense, vida boémia e aventureira do que resultou, do ponto de vista da criação artística, numa produção pictórica e gráfica irregulares, mas que lhe valeu a passagem por África (Moçambique, África Equatorial Francesa e Angola) e por Timor, Preto Pacheco, que trabalhou em Angola de 1964 a 1975, impondo-se com uma pintura naturalista muito à maneira de Henrique Medina e como retratista oficioso, e até Marcelino Vespeira passará por Angola muito fugidiamente, o suficiente para fazer uma muito interessante capa do livro de Castro Soromenho, Viragem, que, com A Chaga e Terra Morta compõem a trilogia Camaxilo, servindo-se de um grafismo sígnico e de manchas informais influenciado marcadamente pela imagética africana. Segundo Teresa Matos Pereira, na sua tese já referida, «Tendo viajado pelos territórios sob domínio colonial português, ou aí residentes, este grupo produziu um conjunto de imagens que mesclam realidades, mitos e estereótipos. Destinadas essencialmente a um público burguês, as suas obras transferem para cenários africanos ou asiáticos as modalidades da pintura europeia, incidindo na cena de género, figura humana, paisagem, ou temáticas animalistas, impregnadas de um naturalismo caprichoso, que oscila entre o decorativismo e as pretensões etnográficas e documentais. Estes artistas irão celebrar uma África de raízes rurais e “tradicionais”, ignorando muitas vezes os sinais de modernização, com vista a materializar na pintura, uma imagem pitoresca e exótica dos costumes, das pessoas, da fauna, flora e da paisagem. A par destas linhas temáticas, encontramos igualmente uma outra, que segue a via da pintura de história onde as batalhas entre africanos e europeus, a celebração de datas históricas ou a ação desenvolvida pelos primeiros governadores, surgem como modalidades de afirmação da superioridade europeia e do seu domínio, destacando-se, algumas obras da autoria de Martins Barata».
É em 1944 que aparecem os relatos de Henrique Galvão nos seus álbuns Outras Terras Outras Gentes e Ronda d‘África, retomando a narrativa de viagem através do território angolano, convergindo no mesmo registo discursivo de Maria Archer, - uma figura muito interessante como feminista e escritora colonial, - mas com a vantagem de numa segunda edição serem acompanhados de uma abundante iconografia que compreende fotografias de Elmano Cunha e Costa, conjugadas com desenhos e pinturas de artistas como Eduardo Malta, Fausto Sampaio, Roberto Silva, José de Moura, António Ayres, Rui Filipe, Martins Barata ou Neves e Sousa. A comparação da primeira edição – relativamente modesta quanto à utilização da imagem e situando-se numa proximidade com os relatos editados no século anterior – com a edição distribuída em fascículos entre os anos de 1944 e 1948, é elucidativa quanto à importância crescente da imagem como meio de comunicação capaz de transmitir informação e mensagens de modo instantâneo e eficaz.
Já na década de sessenta será ainda de referir a presença em Angola do escultor madeirense Henrique Pereira, deportado para Luanda por ser militante do PCP, e de Dorindo de Carvalho, cuja atividade como gráfico será marcante os quais desenvolvem um conjunto de linguagens, onde se cruzam imagens de traços naturalistas marcados pela exploração da paisagem, do retrato e dos costumes, numa linha folclorista que manteve uma proximidade com o domínio da etnografia, - assumindo a obra, por vezes, pretensões documentais – e algumas expressões que se irão aproximar do neorrealismo pela dimensão sociológica que procuram atingir.
Com toda esta movimentação, será natural que, em Março de 1960, o Grupo Desportivo da Cuca, a primeira fábrica cervejeira de Angola, realize, sob a égide do empresário Manuel Vinhas, que assinou a apresentação do catálogo, uma Exposição de Pintura Moderna, que foi o núcleo inicial da sua coleção em Angola e que viria a doar ao Museu de Angola. Esta mostra integrava nomes maiores da pintura portuguesa como Pomar, Fernando Azevedo, Menez, Nikias Skapinakis, Marcelino Vespeira, Nuno Siqueiros, Alice Jorge, Artur Bual e Mário Eloy.
Estava preparado o terreno para outros voos. O primeiro foi o resultado de uma conversa casual entre o artista plástico Cruzeiro Seixas, que então trabalhava em Luanda como delegado de propaganda médica, e a então estudante de Belas Artes Helena Justino, a Exposição Geral de Artes Plásticas, conhecida como Angola-63, realizada em Agosto, no Museu de Angola, e que marcou inesperadamente uma etapa na situação artística que em Angola era ainda muito incipiente.
Esperando que aparecessem duas dúzias de pintores de domingo, mais um punhado de jovens, como era habitual noutras iniciativas culturais, a surpresa foi geral, pois houve 51 candidatos, que apresentaram 200 trabalhos. E participaram também figuras já minimamente consagradas a nível local, como Carlos Ferreira, Carlos Fernandes, Cruzeiro Seixas, Eleutério Sanches, Henrique Abranches, Henrique Pereira, Artur Taquelim e a sua mulher, Angélica, Maria Manta, Mário Araújo, Neves e Sousa, Roberto Silva, Rocha de Sousa, Vaz de Carvalho, Vítor Teixeira (Viteix) e, não esquecer, o Luandino Vieira, que ainda continua a fazer as capas dos livros da sua editora, a NÓS, o que diz bem da importância que lhe foi dada.
A exposição, organizada sob a égide da Sociedade Cultural de Angola, que esteve patente no Museu de Angola, teve o patrocínio do Grupo Desportivo da Cuca, teve a Fundação Calouste Gulbenkian como o outro grande patrocinador, pois até o seu presidente, Dr. Azeredo Perdigão dignou-se presidir à inauguração e foi um motivo para entrega de subsídios e promessa de outros, nomeadamente o apoio à criação em Luanda de uma escola de belas-artes, que fosse, simultaneamente, incubadora de artistas novos e instrumento de evolução dos que já eram artistas.
A repercussão foi a vários títulos notável, sendo que até o exigente jornalista Roby Amorim, que viria a ser expulso pouco depois, por motivos políticos, lhe dedicou um artigo de análise exaustiva, no jornal O Comércio, concluindo que «o certame denuncia a existência de número suficiente de valores para justificar iniciativas de maior envergadura». Essa era, aliás, a sua intenção e a sua justificação, como bem frisaram os organizadores, em que, além do núcleo inicial, Cruzeiro Seixas e Helena Justino, se juntaram a Denise Toussaint, Graça Neto de Miranda, Mário António e Bobela Mota. O conhecido poeta Mário António dirá, por seu turno, na sua Carta de Angola, para a revista Colóquio, que a mostra foi surpreendente, pelo nível patenteado, superior ao que a ocasional frequência das exposições abertas ao público em Luanda, deixaria supor.
O I Salão de Arte Moderna da Cidade de Luanda aparecerá, em 1967, como corolário de toda esta movimentação anterior. A necessidade que se fazia sentir de uma atividade artística mais consentânea com os novos tempos e até as premências mais imediatas da presença portuguesa em Angola exigiam isso.
Por isso, em 1967, a Câmara Municipal de Luanda promove a realização do I Salão de Arte Moderna da Cidade de Luanda, com a colaboração da Sociedade Nacional de Belas Artes de Lisboa e do Núcleo de Arte de Lourenço Marques. No fundo, era o que se poderia dizer um Salão de Arte à maneira europeia, pois as exigências de rigor eram as mesmas e mesmos os parâmetros, assim como os cânones. No núcleo inicial foi fundamental a presença do Engº. Aníbal Fernandes, conhecido como um dos melhores tradutores do francês em Portugal, do Arq. Troufa Real, autor dos prédios mais emblemáticos de Angola como o Palácio da Justiça de Luanda e da Universidade de Cabinda, e do sociólogo José Rodrigues, que tinha sido professor numa universidade belga.
O júri do IV Salão de Arte Moderna da Cidade de Luanda, em 1970, constituído por Adriano Gusmão, José Troufa Real, Luís Jardim e José Manuel da Nóbrega, decidiu admitir por unanimidade 64 obras. De 27 artistas, eram angolanos apenas o António Ole, Cabral Duarte, Carlos Barradas, Duarte Ferreira e Gracinda Candeias, sendo que o Carlos Fernandes, um nome incontornável da pop art, também residia em Luanda. Da Metrópole, como então se dizia, participaram nomes como Gil Teixeira Lopes, Graça Antunes, Ilda Reis, João Vieira, Luís Gonçalves, Mário Varela, Man, Manuel Baptista, Miguel Arruda, Nuno Siqueira, Pires Vieira, Rocha de Sousa e Sérgio Pinhão, que levaram à linda capital angolana um achegamento de modernidade bastante interessante naquele momento.
O Júri de Premiação do V Salão foi constituído por Hélder Silva Moura, José Manuel da Nóbrega, Luís Jardim, Troufa Real, e como representante da “Metrópole”, para dar credibilidade, foi convidado o crítico de arte Rui Mário Gonçalves. Havia júris de seleção em Luanda, que aceitou 19 peças, em Lisboa, na Sociedade Nacional de Belas Artes, que aceitou 45, sendo que o de Lourenço Marques recusou por unanimidade os 9 concorrentes.
De vários modos, toda esta atividade se cruza com a minha própria, naturalmente. Umas iniciativas levam às outras. Exatamente, em 1969, eu estarei ligado à fundação do Círculo Universitário de Cinema de Luanda, o que me leva mais tarde a fazer crítica de cinema no vespertino Diário de Luanda, para onde entrarei como redator efetivo em 1971.
No ano anterior integrei a redação da revista de cultura e espetáculos Noite e Dia, da Neográfica, que pertencia ao Grupo da Cuca, do Manuel Vinhas. Uma noite sonhei em fazer um salão de novíssimos à maneira de Lisboa. Apresentei a ideia ao coordenador da redação, que por sua vez a apresentou ao Vinhas. No dia seguinte estava a fazer o projeto e depois foi realizá-lo. Foi entusiasmante. Em Junho de 1971 foi inaugurado, nos salões do Palácio do Comércio. O primeiro quadro que se vendeu foi da Helena Trindade, que foi até há pouco tempo a conservadora do Museu da Música de Lisboa, ao Raul Solnado, que estava na altura em Luanda a apresentar, com a Io Apoloni, O vison voador.
Os participantes eram todos jovens e na sua maior parte angolanos: Carlos Ferrão, Eduardo Dias, Costa Araújo, Filipe Henriques, Duarte Ferreira, Carlos Barradas, António Santiago, António Trindade, Rui Garção, Gui, João Serra, Álvaro, Maria José Furtado, Helena Trindade, Pombinho, Travanca da Costa. De uma maneira geral, as participações primavam por uma frescura real, registando-se uma vontade de estar up-to-date, na onda em que o mundo ocidental mergulhava no momento. De vários modos, a maior parte dos trabalhos apresentados poderia ser mostrada em Londres ou Paris, as capitais culturais de então, sem qualquer rebuço.
Na verdade, como já disse, era um salão à maneira de Lisboa, da Europa, a África era só o local geográfico. O artista plástico português Luís Jardim, que trabalhava no Museu de Angola e que assinou a apresentação do catálogo, salientou perentoriamente que esta exposição «É uma pesquisa e não a codificação das regras da pintura do passado. Situa-se na linha de evolução que parte de Cézanne, Duchamp, Fontana, Wesselmann, Rosenquist, Rauschenberg e Vasarely». E acrescentará: «A arte do nosso tempo interessa-se pelo homem, e pela sua situação no mundo. Dirige-se aos homens de boa fé e solicita-lhes a sua participação definitiva. Esta exposição propõe um diálogo direto entre os jovens artistas angolanos e o público. A arte é um facto social. Saibamos inteirar-nos da sua significação, da sua importância na cultura de Angola.
Por várias vezes Cruzeiro Seixas levantou algumas questões respeitantes ao desenvolvimento de uma arte angolana que englobe o diálogo entre um domínio das expressões autóctones e da expressão plástica, segundo moldes da academia europeia. Num primeiro momento é abordada a pertinência de uma aprendizagem de moldes académicos no contexto de uma arte angolana, que desta maneira transformar-se-ia numa pálida imitação que não responde às questões intrínsecas à sociedade que a produz. Esta ambiguidade, a que se acrescenta uma debilidade quanto a um conhecimento aprofundado do sistema de representação clássico, conduz, na sua perspetiva, a graves equívocos que inviabilizam o desenvolvimento de uma identidade artística. Como contrapartida, defende que os artistas deveriam voltar-se para um fundo popular e genuíno, aquilo que designa por «arte naïf» como fonte de referências estruturantes de uma arte baseada em valores endógenos e integrada num contexto (social e cultural) específico, que assim se concretiza num plano de identidade não só individual, como coletiva. Assim, a propósito da obra de alguns pintores que desenvolvem uma pintura de moldes naturalistas, pontuada pelo retrato, pela paisagem ou pelo apontamento etnográfico, como Manuel Castelo, Roberto Silva ou Mário Araújo, Cruzeiro Seixas afirma categoricamente: «Esses pintores, aliás como outros do mesmo estofo, só poderiam fazer obra válida se, abandonando os cânones académicos se integrassem numa arte «naif», a única que lhes permitiria uma visão plástica pessoal e, naturalmente, autêntica. (…) o equívoco é patente, pois não possuindo uma aprendizagem académica profunda, eliminaram qualquer possibilidade de pintura (académica) ―a sério‖. (...) Sendo embora africanos, nunca se encontraram no mesmo caminho da África!»
E conclui, «A atitude «naif», de resto, é aquela que reputo mais capaz de devolver aos pintores de Angola, neste momento, uma visão genuína da sua própria terra, fugindo assim aos estereótipos académicos, de matriz europeia. De outro modo continuar-se-á no equívoco de servir um prato requentadíssimo de que cada vez mais raros ou menos expressivos provarão»
De algum modo, tem razão o escritor angolano Luís Mascarenhas Gaivão, quando diz: «A identidade angolana traduz na expressão plástica as suas raízes mergulhadas maioritariamente nas etnias bantu, mas também em outras que compõem o puzzle nacional. O colonialismo, sobretudo durante o século XX, produziu o apagamento das culturas nativas. As línguas foram proibidas e as manifestações culturais entraram em categorias de subalternidade, e “arte selvagem” ou “arte primitiva” eram conceitos que o colonizador criava sobre aquilo que desconhecia. O colonialismo suporta-se construindo uma imagem distorcida do “outro” colonizado, incutindo-lhe inferioridade: o preconceito, o estereótipo foram armas eficazes deste procedimento. E a África, perante o colonizador europeu, ficou “parada no tempo”, como ele próprio programara. Mas a África tinha outra visão da natureza, da vida e da arte, e, ao acordar, vem reencontrando as raízes. Neste texto pretendo trazer reflexões em torno desta história angolana, por um prisma menos vulgar: as travessias plásticas que molduram a construção permanente da angolanidade, onde, volto a mencionar, cabem as culturas bantu, não-bantu e portuguesa.»
Outra opinião tem o colecionador e galerista angolano Vítor Pinto da Fonseca, diretor de três organizações dedicadas ao colecionismo e comércio de arte em Lisboa - a VPF Cream Art, quase clássica, a Plataforma Revólver, de tendência mista, e a Rock Art, de vanguarda e para situações de provocação – que alega que, para ele, «não havia arte africana, nem europeia, nem americana, nem portuguesa, claro, porque a arte é universal e é por aí que temos de caminhar no futuro», embora uma boa parte dos seus artistas sejam africanos, como Tiago Borges e Gustavo Sumpta, entre outros.
Como tudo, embora esta seja uma opinião muito respeitável, é relativa. Mas que lança o debate, lança, sim senhor, e pode agora ser o momento de pôr outras coisas a claro.
Por exemplo, até que ponto podem ser considerados como africanos artistas de origem europeia que só nasceram por acidente em África e, por outro lado, cidadãos de origem africana que por acaso vieram nascer na Europa? O que é que define africanidade? E valerá a pena fazer esta pergunta num momento em que a globalização está a homogeneizar tudo e se está a caminhar para uma crescente universalização?
De qualquer maneira, vale a pena lembrar uma afirmação bastante conhecida e justamente considerada: a arte, quanto mais genuína, portanto quanto mais expressão autêntica de uma região ou de um país, mais universal será.
Dizia recentemente Cristina Pratas Cruzeiro que «Boa parte da arte atualmente produzida, também em Portugal, é apátrida e representa exatamente o espaço indefinido que ocupa, muito embora os artistas não o sejam e continuem vinculados a um país demasiado pequeno, não no que respeita ao território mas no que respeita às iniciativas e atividades culturais e artísticas. Não basta por isso a ambição de expor ocasionalmente no estrangeiro nem a pretensão sumária de organizar exposições por “pátria” ou “nação”, modelo duvidoso que por regra propõe uma homogeneização que atualmente não existe nem se pode pretender como proposta de uma condição global do país ou do mundo».
De vários modos isto aplica-se, ainda com mais razão, ao que se está a fazer a nível de artes plásticas nos vários países africanos de expressão portuguesa, se bem que o seu estádio de desenvolvimento tenha outras circunstâncias e determinantes.
Fiquemo-nos por aqui. Como devem ter percebido, embora tenha prometido fazer definições, acabei por andar à volta delas, mas não dei nenhuma, pois estas questões são mais complexas, não cabem em espartilhos. Depois de tudo isto, sabe bem ver o que o historiador de arte angolano Adriano Mixinge, que tem tido um papel muito importante na identificação e dinâmica da arte angolana, diz: «Um ambiente trepidante e libertário parece ter-se apoderado do melhor e do mais polémico da Arte Contemporânea angolana que se vai fazendo, nas suas mais diferentes manifestações: de Dog Murras a Lulendo, passando por Paulo Flores, Gabriel Tchiema até ao Buraka Som Sistema, na música. De Orlando Fortunato ou Maria João Nganga, no cinema. António Ole, Miguel Petchkowsky, Franck Lundangi, Yonamine Miguel, Helga Gamboa, Van, Chikukuango Cuxima Zwa, Osvaldo Fonseca, Álvaro Macieira e Nástio Mosquito, nas artes visuais e plásticas: todos eles estão na vanguarda de algumas das mais interessantes propostas estéticas e experimentações do momento».
Por isso, conclui que o que resultará destes pressupostos, «num mundo cada vez mais globalizado, a reinvenção das iconografias da Angolanidade o saberemos, com certeza e propriedade mais tarde. A celebração da origem, da travessia e da ubiquidade talvez seja a melhor estratégia na redefinição do lugar que a cultura angolana ocupa no contexto africano e internacional, mas vai ser necessário modernizar a gestão das instituições culturais, de forma a permitir que na renegociação identitária, simbólica e comercial dos produtos culturais angolanos, no mundo de hoje, sejamos tão vendedores, como já somos consumidores dos produtos culturais de outros».
Visto de Portugal, e atendendo ao que por aqui vamos constatando e conhecendo, eu expendi há três anos o seguinte comentário sobre o estado atual da arte angolana: «O grande nome de arte angolana é indiscutivelmente António Ole, com um percurso laboriosa e persistentemente conseguido e senhor de uma obra consistente como criador artístico. Em Portugal é representado desde há dois anos pela Galeria 111, que também trabalha com o reputado Francisco Vidal, de origem cabo-verdiana.
Na década de 80 foi a vez de Viteix se apresentar com grande êxito em Lisboa, mas a sua morte prematura cortou-lhe cerce os voos de internacionalização, embora continue a ser em Angola considerado como um mestre.
O escultor António Magina e os pintores Ana Silva e Zan foram, nos últimos anos, presença constante em galerias portuguesas assim como Dília Fraguito, Gustavo Sumpta, Yonamine, Kiluanje Liberdade, Osvaldo da Fonseca e António Alonso, todos em franca ascensão, não devendo esquecermo-nos de Gracinda Candeias, uma artista já consagrada, e Arlette Marques, com uma carreira discreta mas segura».

RODRIGUES VAZ

Comunicação lida no dia 17 de Maio de 2017, na Universidade Nova, em Lisboa


Nota – No final do Powerpoint apresento, como curiosidade, uma série de cromos que eram distribuídos, nos anos 40, aos clientes da Sociedade Industrial de Tabacos de Angola, de cariz acentuadamente erótico e alguns mesmo de pornografia pedófila. Antes deles está, também como curiosidade, a reprodução de uma das obras plásticas de Agostinho Neto, feita quando estava escondido num apartamento das Avenidas Novas, em Lisboa. Quando em 2002 a apresentei à sua viúva, Eugénia Neto, ela ameaçou que me processaria se eu a publicasse, alegando que o seu aparecimento seria para denegrir o presidente Neto como alcoólico. Nada mais errado. Nitidamente, e até pela data em que foi feita, este trabalho é nitidamente uma ilustração do poema que António Jacinto tinha apresentado anteriormente, o Poema da Alienação.

Óleo de Agostinho Neto

Nus do Paula

os nossos agradecimentos ao autor

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quarta-feira, 17 de maio de 2017

Benguela - 400 anos

O município de Benguela, sede da província com o mesmo nome, assinala no dia 17 de Maio, quarta-feira, os seus 400 anos de existência, desde a sua fundação em 1617, por Manuel Cerveira Pereira.Em entrevista à Angop, por ocasião a data, o administrador municipal, Leopoldo Muhongo, considerou Benguela uma das melhores cidades de Angola para se viver, independentemente das dificuldades resultantes da crise económica que o país atravessa actualmente, visto que oferece uma qualidade de vida de topo e um sector da saúde com algum sentido de humanização.
Segundo o administrador, o município continua a elevar as taxas de inclusão, formação académica, alfabetização, realizando projectos que estimulam no domínio da habitação, um fornecimento de energia e água, com algum constrangimento, mas de forma regular faz acontecer e circular a cidade.
Deu a conhecer como principais actividades, a prestação de serviço como maior forma de ocupação da população, para além do sector das pescas e um crescente surgimento de iniciativas no sector da agricultura.
Leopoldo Muhongo afirmou que, de acordo com os dados do Censo, o município controla uma população de aproximadamente 600 mil habitantes e 52 porcento deste número são mulheres, verificando-se ainda uma forte predominância da população jovem nesta composição populacional.
Apontou que, o sector da Educação teve um crescimento significativo fundamentalmente desde do alcance da paz que permitiu a construção de um conjunto de salas aulas e de escola novas que albergam muitas criança e melhorou-se também a qualidade da informação com as condições colocadas ao dispor dos professores.
Sem avançar dados comparativos, referiu que o município controla actualmente 174 escolas, destas 89 públicas e 47 comparticipadas que é o responsabilidades dos sector do estado e privado, mas são tuteladas por igrejas e 38 escolas privadas que no total albergam 2. 310 salas de aula.
“Mas ainda existe défice, só no ensino primário há necessidade de construção de 100 salas por ano, nos próximos 8 a 10 anos”, disse Leopoldo Muhongo afirmando no ano lectivo 2017 foram matriculados 11. 578 alunos na iniciação, 130.230 no ensino primário, 32.372 do primeiro ciclo, 35 mil e 56 no segundo ciclo e 775 no ensino especial e 8.837 alunos no processo de alfabetização.
Referiu que, no sector do ensino superior, o município registou um crescimento desde o alcance da independência, foi possível a implantação da Univerdade Katyavala Bwila com diversos cursos e três politécnicos do sector privado (Instituto Superior Politécnico de Benguela, Jean Piaget e o Maravilha) que oferecem o produto muito diversificado em áreas do saber para que os jovens possam aumentar os seus níveis de competências que se colocarem numa melhor condição.
Quanto ao sector da Saúde, o administrador afirmou que o município conta com um hospital municipal, com cerca de 80 camas para internamento, serviços pediátricos e beneficia de um hospital regional, um centro oftalmológico de referência a nível nacional, com postos médicos distribuídos pelas zonas e que permitem garantir alguma forma de assistência directa a este cerca de 600 mil habitantes.
Reconheceu que, o sistema de saúde vai registando alguma pressão muito forte, uma vez que conta com 28 médicos, sendo cada 10 médicos para 10 mil habitantes e vai trabalhando para aproximar cada vez mais os serviços as populações, levando atenção a mulheres gestantes as salas de parto mais próximas das comunidades e para que os centros e hospitais municipais tenham maiores capacidades.
Apontou ainda no sector da Saúde, a existência do centro de hemodiálise como um dos grandes ganhos do município, porque é um tratamento específico que levou muitos angolanos a imigrarem pelo mundo e pagarem custo muito mais elevado e actualmente há a possibilidade no município dos doentes poderem minimizarem as suas dificuldades diárias.
“Estamos a trabalhar também para sermos mais competitivo em assistência a população e isto deve ser combinado com o factor saneamento básico, quanto mais nos prevenirmos menores quantidades de pessoas teremos doentes com malária e as doenças respiratória, diarreicas agudas”, disse o administrador reforçando o contínuo trabalho na prevenção, assistência médica e medicamentosa quer na quantidade de médicos e fármacos essenciais para as populações.
No sector da Energia e Águas, o responsável referiu que há a malha eléctrica continua a crescer muito, neste momento implementa-se um projecto na linha de financiamento da China, que vai permitir provavelmente até Agosto deste ano ter mais 12 mil ligações, destas mil e 500 domiciliares, fundamentalmente para a zona pré-urbana, que nunca teve energia.
Para além da energia ao domicílio vai-se também trabalhar na iluminação pública para elevar os níveis de segurança nas populações e facilitar o trabalho de patrulhamento da polícia e assim dar mais dignidade e responder de forma pontual algumas carências que as populações vão passando.
Realçou que, no sector das Águas, o nível de cobertura ainda não é satisfatório considerado médio alto, porque nos pontos urbanos mais distantes consegue-se fazer abastecimento de água potável, quer ao domicílio e nas zonas por via de chafariz devidamente contabilizada.
“Mas há que trabalhar para os ponto mais distante onde ainda não conseguimos chegar e os resultados para os furos têm estado a dar água muito salobra e o nível de tratamento é muito oneroso, estamos a trabalhar para encontrar outras soluções”, disse.
Quanto o sector da agricultura, sem apontar dados, o responsável disse que registou-se um crescimento na produção de produto diversos para o mercado local e nacional fundamentalmente para a capital do país, derivado de uma grande recuperação do vale do cavaco e empregar mais pessoas.
No sector das Pescas, Leopoldo Muhongo, salientou que o município tem as suas áreas devidamente distribuídas, sendo a pesca e produção sal, feita em particular no município da Baia-Farta, onde esta a beneficiar nesta altura de um dos maior investimento no sector na zona da Caota, com uma capacidade de congelação e captura de pescado muito elevada, que nos próximos tempos será uma referência obrigatória.
“Estamos a trabalhar também no seguimento da indústria, na perspectiva de continuarmos a atrair muito mais equipamento de serviço para Benguela, empresas e indústria novas e gerar muito mais emprego mas também para atender a juventude, visando dar respostas aos anseios da população.
O administrador considerou que Benguela depois de todo conflito que viveu de um êxodo rural muito forte, é aquele que mais recebeu populações, acerca de 50 anos atrás, visto que era 47 mil habitantes, hoje possui 600 mil habitantes, uma taxa de crescimento assustadora.
Quanto aos desafios, frisou que Benguela precisa com muita urgência resolver os problemas de base que estão ligados ao saneamento, trabalhar muito na melhoria linhas de águas para se ter um sistema urbano a funcionar com redes de águas residuais e fluviais devidamente alinhadas.
“Quando chove em Benguela é sempre um problema, quer no centro urbano como na sua preferia, e este trabalho vai nos permitir muito mais eficiência em investimento que fazermos em estradas, porque se as infra-estruturas estiverem bem feitas o nível de degradação de consequência pluvial é muito menor”, disse.
O município de Benguela tem como limites geográficos, a norte o município da Catumbela, a sul da Baía-Farta e Caimbambo, sudeste Bocoio e oeste o oceano atlântico, com 76 bairros e cinco povoações, seis zonas administrativas.
A 17 de Maio de 1617, Manuel Cerveira Pereira, governador de Angola entre 1615 e 1617, fundou a Baía de Santo António. Essa data passou a ser considerada como data de fundação da cidade de São Filipe de Benguela.
Em 1641 a cidade foi tomada pelos holandeses e a população teve de se refugiar no interior, a cerca de 200 quilómetros do litoral. Sete anos depois, em 1648, Benguela foi libertada e desde então passou a ser porta de passagem para o interior e a região desenvolveu-se muito.
Em 1705 e uma esquadra francesa destruiu a cidade quase completamente, mas entre 1710 e 1755 os benguelenses reconstruíram-na, as construções eram rudimentares, sendo a Igreja de Nossa Senhora do Pópulo, a primeira construção de pedra e cal.
O município de Benguela tem dente outros, como pontos de referência turística, a praia morena, o largo da Peça, o Museu de Arqueologia e as igrejas do Pópulo e da Sé Catedral.

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quinta-feira, 11 de maio de 2017

Eventos da Casa de Angola em Lisboa

Vimos por este meio divulgar um conjunto de eventos que envolvem diretamente a Casa de Angola e associados interessados em dignificar a nossa associação de forma permanente.
Assim e de forma sintética enunciamos os eventos, convidamos a que possam colocar na agenda para assim estarem presentes; serão proporcionados momentos muito agradáveis:

1. Dia 13 de Maio - às 18h - Apresentação de livro
    O escritor angolano Severino Moreira escolheu a Casa de Angola para apresentar o seu próximo livro, todos os amigos estão convidados       a esgotarem o espaço nas nossas instalações, saudando este nosso amigo.

2Dia 16 de Maio - às 19h - Combate Gastronómico
    Ocorrerá um jantar no Restaurante Bastardo situado no Hotel Interdesign em Lisboa perto da Praça da Figueira, todos os presentes serão     convidados a degustar pratos apetitosos angolanos e portugueses e assim apreciar gostos diferentes.A gastronomia angolana é da               responsabilidade do chefe Paulo Soares.  Simultâneamente decorrerá um venda de peças artísticas da angolana Lídia Severino..
    Devido à limitação do espaço as inscrições podem ser feitas diretamente na Casa de Angola e/ou por esta via ou junto da direção do             hotel.

3Dia 17 de Maio - às 19h - Apresentação da Revista Mulher Africana
    Ocorrerá um evento único, trata-se da apresentação da Revista Mulher Africana com momentos que a todos surpreenderá. Estará                 presente a Diretora da Revista Dra. Isabel Ferreira.

4Dia 19 de Maio - às 18h - Inauguração da exposição
    A Casa de Angola tem prestado um imenso contributo à cultura lusófona e por isso neste dia receberá a artista plástica oriunda da               Madeira Lidia Santos.

5. Dia 20 de Maio - às 19h - Apresentação de livros
    Será um momento único em que se encontrarão dois amigos que vêem de paragens diferentes: Anabela Quelhas vem de Vila Real e João    Carranca vem de Portimão e assim procederem à apresentação dos seus respetivos livros.

Não deixamos de relevar que continua a decorrer em Odivelas a VI Bienal de Cultura Lusófona, na qual desta vez a Casa de Angola tem uma participação especial no espaço reservado a Angola através da nossa assessora cultural e artista plástica Márcia Dias.

Os melhores cumprimentos

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quarta-feira, 10 de maio de 2017

Entrevista a Justin Pearce, investigador na Universidade de Cambridge, sobre o conflito de quase três décadas em Angola.

Entrevista a Justin Pearce, investigador na Universidade de Cambridge, sobre o conflito de quase três décadas em Angola.
Investigador esteve em Lisboa para apresentar o livro A Guerra Civil em Angola (1975-2002), resultado da investigação que conduziu neste país. Para o académico nascido na África do Sul, o conflito só podia terminar com a vitória de um dos movimentos envolvidos: o MPLA ou a UNITA.
Em A Guerra Civil em Angola (1975-2002) refere que a legitimidade em Angola assentou, após o final da guerra, num entendimento da autoridade definido ainda durante o conflito e que tem no MPLA o único beneficiário. Esta lógica, que se pode definir como autoritária, mantém-se ainda hoje?
A lógica autoritária mantém-se e também a confusão entre Estado e o partido. Durante a guerra civil, era o Estado monopartidário quer se estivesse nas regiões sob controlo do MPLA ou da UNITA. Quem estava numa zona do governo, não tinha alternativa; quem estava numa zona da UNITA, também não. Após o fim da guerra, quando Luanda conseguiu controlar todo o território e toda a população e impor a legitimidade exclusiva do MPLA, apesar da existência de um sistema multipartidário, em Angola ainda subsiste a lógica de ter um partido acima dos outros partidos. O partido no poder é quase a mesma coisa do que o Estado. O partido detém o monopólio da violência e isso ajuda a explicar os incidentes antes das eleições de 2008 e 2012.
A saída anunciada de José Eduardo dos Santos pode alterar algo na dinâmica do regime?
É difícil dizer. Para começar, é difícil imaginar Angola sem Eduardo dos Santos. Não se sabe muito de João Lourenço e é preciso ter presente que tem sido cultura do MPLA, sob controlo de Eduardo dos Santos, suprimir outras possibilidades de liderança para manter a hegemonia eduardista, como se diz em Angola. Diria que a própria mudança na liderança do país tem trazer alguma abertura na vida política, tem de haver mudança. Até agora, a hegemonia de Eduardo dos Santos tem sido total, do partido à economia ao aparelho de Estado. A sua saída da presidência tem de abrir um certo espaço, mas não podemos deixar de lembrar que ele vai continuar a dirigir o MPLA por mais alguns anos. E a família dele, na figura de Isabel dos Santos, vai continuar a dominar a economia.
Realizam-se eleições em agosto. A vitória do MPLA é um dado adquirido?
Diria que sim. Uma derrota é pouco provável, mas também me disseram que Hillary Clinton ganharia as presidenciais nos EUA...
Que opinião tem sobre a oposição?
Cresceram nas últimas eleições, mas ainda não têm capacidade organizacional para ganhar eleições. E há a questão de que quem detém o aparelho de Estado tem a capacidade de controlar a eleição.
Sobre o tema do seu livro, a construção de uma identidade nacional, que importância teve o conceito no conflito?
É um processo que começa antes de abril de 1974, com a mobilização política na clandestinidade e entre as pessoas que estavam no exílio. É preciso ter presente que os três movimentos de libertação, MPLA, UNITA e FNLA, quando surgiram, representam diferentes partes da sociedade angolana que tinham até experiências distintas na relação com o colonialismo. A base destas diferenças assenta no facto de, antes da independência, não ser possível um sentimento de identidade nacional comum pois não havia quaisquer laços de confiança entre esses movimentos. Com a saída de Portugal, a situação acaba por se agravar, pois o que vai suceder é que cada um dos movimentos está envolvido numa luta pelo controlo do futuro de Angola, em que só podia haver um só Estado e um só partido a dirigir. Os partidos acabaram por usar o conceito de identidade nacional para os seus próprios fins políticos.
Só podia haver um vencedor?
Claro que sim. A independência de Angola só sucede quase 20 anos após as primeiras independências em África e então era um dado adquirido que o novo Estado tinha de continuar nas mesmas fronteiras coloniais. Não havia possibilidade de secessão. Quem ganhasse controlo do Estado, ia dominar todo o território e toda a população. Os três movimentos tinham visões muito diferentes para Angola, mas todos reivindicavam uma ideia de nação angolana específica. A partir de 1975, nas áreas que controlava, cada partido procurava impor a sua visão de identidade. Para o MPLA, só ele representava a população e a UNITA era um fantoche dos EUA e da África do Sul; para a UNITA, o MPLA era o representante dos mestiços e dos crioulos, não era autenticamente angolano e estava ligado ao bloco socialista.
Como é que a população procurou adaptar-se a esta realidade?
Estávamos perante uma guerra pelo controlo das populações. No momento da independência, o MPLA controlava apenas Luanda e o litoral; era a UNITA que controlava quase todo o interior e o centro do país. Na época, a FNLA fora expulsa do Norte do país. Mas o MPLA recupera depois o controlo de mais cidades e a situação estabiliza então com a UNITA no interior e o MPLA os centros urbanos. Com cada partido a raptar populações para as subtrair ao controlo do adversário. A UNITA precisava de quadros para concretizar os seus projetos sociais no interior enquanto para o MPLA era fundamental controlar as populações e retirá-las da esfera da UNITA.
E onde entra aqui a questão da identidade?
Um exemplo: cada vez que as tropas do MPLA capturavam uma aldeia consideravam a sua população o "povo da UNITA" mas se estas pessoas não estivessem armadas eram considerados como cativos da UNITA e eram transferidas para zonas sob controlo do partido no poder em Luanda...
O objetivo era obter massa demográfica crítica?
Exatamente.
A questão do controlo dos recursos, diamantes e o petróleo, era também determinante...
Talvez mais importante a partir das eleições de 1992. Até 1989, ambos os lados tinham apoio internacional, o MPLA da União Soviética e de Cuba, a UNITA dos EUA e da África do Sul. Após as eleições de 1992, a UNITA começa a perder esse apoio, mas ainda controlava recursos diamantíferos e conseguia vender no mercado internacional, ainda que clandestinamente. Mas a partir de 1997, quando o MPLA fez campanha contra os chamados "diamantes de sangue" impediu o fluxo de recursos para a UNITA. Também após 1992, as relações do MPLA com os países ocidentais começaram a melhorar, com a Angola a tornar-se mais e mais importante no setor do petróleo e é a renda do petróleo que permite ao governo de Luanda prosseguir a guerra contra a UNITA...
Qual era o centro da identidade angolana para a UNITA e para o MPLA?
Não era uma identidade étnica, era uma identidade política no sentido em que a identidade era o próprio partido. As pessoas diziam "somos o povo da UNITA" ou "somos o povo do MPLA". Para ambos os lados, a ideia de nacionalismo, de modernizar a sociedade era muito importante. A ideia do movimento como defensor da população contra o inimigo. Para legitimar este processo, foi fundamental criar um sentimento de inimizade total, de apresentar o outro partido como um agente do estrangeiro...
Nunca se verificou o recurso ao argumento étnico?
De algum modo. O MPLA tinha, digamos, uma visão moderna da sociedade, o que os críticos consideravam uma forma de mascarar o facto de haver muitos mestiços e crioulos na sua direção, que só falavam português, não valorizavam muito a cultura africana indígena. Para a UNITA, a ideia de autenticidade africana era muito mais importante. Também a UNITA surge conotada com o grupo étnico ovimbudu, maioritário no centro de Angola e a que pertencia Jonas Savimbi, mas entre os dirigentes havia pessoas de outras etnias.
Deparou na sua investigação com algum indício que pudesse sugerir a hipótese de uma secessão em Angola?
Ninguém pretendia isso. Nem mesmo a FNLA, que tinha no início entre os seus objetivos a recriação do território do antigo reino do Congo, que atravessa as fronteiras de Angola, dos Congos e do Gabão.
Até que ponto a lógica da Guerra Fria teve influência no conflito angolano?
A lógica da Guerra Fria sustentou a guerra em Angola ao equipar os beligerantes e apoiá-los diplomaticamente. Mas, para mim, o mais importante é salientar que as escolhas políticas em Angola foram feitas por angolanos e ficaram esquecidas por se considerar apenas o quadro da Guerra Fria. As elites políticas angolanas tiveram de fazer escolhas próprias, tendo em consideração as suas aspirações e sentido de auto-sobrevivência.
E no quadro da época, há também que tomar em consideração os interesses da África do Sul?
Sim. Quando se percebeu que o MPLA estava a aproximar-se da União Soviética, houve grande apreensão na África do Sul e foi intensificada a aproximação à FNLA e UNITA e o país vai envolver-se no conflito a partir de agosto de 1975, com o MPLA a apelar, por seu lado, à ajuda cubana.
Pode afirmar-se que o MPLA e a UNITA se serviram da lógica da Guerra Fria para os seus interesses próprios?
Sim. Por causa da Guerra Fria, o MPLA podia sempre contar com o apoio cubano e da União Soviética, não apenas militar, também diplomático e técnico, que acabaram por ser fundamentais para apoiarem o projeto de sociedade deste partido. Do lado da UNITA, esta serviu-se do apoio militar e técnico da África do Sul que possibilitou a construção do quase-Estado com a capital na Jamba, muito importante na visão do movimento. Para mostrar a sua capacidade que era capaz de construir um Estado. A Jamba não era só uma base militar, era algo para mostrar aos próprios angolanos: uma visão de modernidade no meio do mato.
É possível imaginar um cenário de vitória militar da UNITA e de construção do seu modelo de sociedade?
Talvez, se os cubanos não tivessem chegado em novembro de 1975. Mas é difícil conceber um cenário dessa natureza. Até por que os principais apoios da UNITA, os EUA e a África do Sul, tinham interesses específicos, e não havia apetite para um conflito generalizado. Para eles, não era necessário tomar o controlo de Luanda, era suficiente manter o conflito em permanência para enfraquecer o Estado do MPLA e proteger os interesses sul-africanos, que eram basicamente manter o controlo da Namíbia e do extremo Sul de Angola para impedir a entrada da guerrilha da SWAPO naquela região.
Em algum momento do conflito de 1975 a 2002 encontrou, na sua investigação, indício de que seria possível uma solução política, uma solução negociada?
Até ao fim dos anos 80 não havia qualquer vontade por parte do MPLA de negociar com a UNITA. Esta talvez pudesse aceitar uma solução negociada só que Savimbi nunca quereria menos do que ser presidente de Angola. No fim da Guerra Fria, Chester Crocker, o subsecretário de Estado dos EUA para os Assuntos Africanos, que negociou uma solução diplomática a ligar a retirada dos cubanos de Angola e eleições democráticas neste país da saída da África do Sul da Namíbia. Os EUA pensavam, na altura, que a UNITA ganharia qualquer eleição e o MPLA também tinha receio dessa possibilidade. Foi apenas sob muita pressão internacional que o MPLA aceitou negociações de paz e eleições em 1992.



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